XI MUSPRES
VII Simpósio Internacional Música e Crítica UFPEL
XI Congreso MUSPRES | Sociedad Española de Musicología
VII Simpósio Internacional Música e Crítica | UFPEL
CONGRESO INTERNACIONAL
MÚSICA, PRENSA Y RELACIONES CULTURALES TRANSATLÁNTICAS
Logroño, España – 2 a 4 novembro 2023
Painel Temático do Grupo de Trabalho Música e Periódicos ARLAC/IMS
“Relações Transatlânticas no Periodismo Musical Brasileiro”
Maria Alice Volpe (UFRJ e ABM), coord./ chair/ moderadora
Expositores:
Mário Alexandre Dantas Barbosa (CPII e UFRJ)
Luiz Guilherme Duro Goldberg (UFPel)
Vinicius Macedo (UFRJ)
Inês de Almeida Rocha (UniRio e CPII)
Flávia Camargo Toni (USP e ABM)
Maria Alice Volpe (UFRJ e ABM)
Relações transatlânticas para desvendar enigmas do periodismo musical brasileiro
no século XIX
Maria Alice Volpe (Universidade Federal do Rio de Janeiro / Academia Brasileira de
Música)
O periodismo musical brasileiro tem sido objeto de estudo cada vez mais abordado pela
musicologia nas últimas décadas, beneficiado pela crescente disponibilização e
digitalização das fontes hemerográficas. As pesquisas têm enfocado a crítica musical, sua
produção textual e suas ideias, os profissionais que exerceram a crítica musical e as
publicações periódicas propriamente ditas. Entretanto, permanecem alguns desafios para
rastrear o desenvolvimento desse corpus historiográfico. A metodologia desenvolvida por
Volpe (Cadernos da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 2022) é aplicada para sistematizar
informações que se encontram esparsas nas fontes históricas com o objetivo de alcançar
uma reconstrução de conteúdos não mais disponíveis, devido ao desaparecimento de seus
exemplares impressos. A pesquisa das relações transatlânticas demonstrou-se fator crucial
para desvendar alguns enigmas que têm persistido no conhecimento sobre o periodismo
musical brasileiro do século XIX. As fontes hemerográficas são tomadas como ponto inicial
de uma investigação que, para atingir seus objetivos, deverá necessariamente ampliar suas
ferramentas bibliográficas e expandir seus métodos para uma abordagem interdisciplinar.
Pelo Mundo das Artes: Oscar Guanabarino em duas décadas de história da música
brasileira
Luiz Guilherme Duro Goldberg (Universidade Federal de Pelotas)
O papel de Oscar Guanabarino na cena cultural brasileira pode ser contestado em vários
aspectos, mas nunca subestimado. Não por acaso recebeu os adjetivos de “agulha de
platina” ou “leão da imprensa carioca”. Em quase 50 anos de atividade como crítico, atuou
tanto no teatro, quanto na música, sendo testemunha de muitos momentos importantes na
trajetória da música brasileira no decorrer do Império, Primeira República e Estado Novo.
Aqui, abordaremos o seu período de atividade no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro,
especificamente o seu folhetim semanal “Pelo Mundo das Artes”, onde discorreu, não sem
evitar polêmicas, sobre temas como ensino musical no Instituto Nacional de Música, as
deficiências dos cursos de canto, a falta de apoio oficial no ensino das artes, a necessidade
da fundação do teatro dramático no Brasil, entre outros de fundo social, como a
necessidade da realização de temporadas líricas populares. Além disso, também foi o
editor-chefe da coluna diária “Theatros e Musica”, onde manifestava críticas mais
específicas a artistas e eventos.
Relações transatlânticas na Ariel – Revista de Cultura Musical (São Paulo, 1923-1924)
Flávia Camargo Toni (Universidade de São Paulo / Academia Brasileira de Música)
Fundada em São Paulo, em 1923, onde a principal atração no ensino da música era o
piano, Ariel: Revista de Cultura Musical deve seu nome ao manifesto de José Enrique Rodó
(1872-1917), intelectual uruguaio que inspirou Ruben Darío e o movimento batizado como
“arielismo”. Matéria densa e de difícil compreensão para os jovens leitores, o editorial da
revista de número 1 aproveita poucas linhas do texto original, em espanhol. Mas em meio a
matérias de Ferruccio Busoni, Jacques Dalcroze, homenagens a Luigi Chiaffarelli, Magda
Tagliaferro, Guiomar Novaes e Alfred Cortot, de quais maneiras a presença do pensador
uruguaio se articulou na proposta de aproximar o público leitor brasileiro da vida musical do
outro lado do Atlântico? Nessa comunicação me proponho a analisar a coluna “Revista das
Revistas”, como ela se inseriu num movimento para auxiliar a circulação transatlântica das
revistas musicais brasileiras, tendo em vista a divulgação das notícias a respeito dos
artistas das Américas falantes do espanhol e do português.
Relações transatlânticas e história da recepção: Le Roi De Lahore, de Massenet, no
Rio de Janeiro (1879-1880)
Mário Alexandre Dantas Barbosa (Colégio Pedro II / Universidade Federal do Rio de
Janeiro)
A imprensa escrita apresenta-se fonte fundamental para resgatar as relações transatlânticas
entre repertórios musicais, músicos, empresários e profissionais da música europeus e o
público e a crítica brasileiros, flagrando processos de trânsito e mediação cultural. Este
estudo discute a recepção da ópera Le Roi de Lahore (1877), do compositor francês Jules
Massenet (1842-1912), no contexto das atividades da empresa lírica italiana Ferrari, atuante
no Theatro Imperial Dom Pedro II (Rio de Janeiro), que encenou a referida obra, pela
primeira vez no Brasil, em 1879, e a manteve em cartaz na temporada do ano seguinte. O
levantamento se deu em fontes hemerográficas, compreendendo um periódico
especializado, a Revista Musical e de Bellas Artes, e um jornal diário de ampla circulação, a
Gazeta de Notícias. Os dados levantados permitem aquilatar a acolhida que a referida
ópera teve entre os dilettanti e a abordagem crítica que recebeu em veículos impressos que
cobriam a vida musical fluminense à época e permite identificar as questões que mais
sensibilizaram aquele meio sócio-cultural em suas relações transatlânticas.
Tomás Terán: rede de sociabilidades de Valencia ao Rio de Janeiro
Inês de Almeida Rocha (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro / Colégio Pedro
II)
Esta comunicação analisa práticas músico-formativas do pianista espanhol Tomás Terán no
Brasil. Utilizaremos conceito redes de sociabilidades, conforme apresenta Ângela de Castro
Gomes e Jean-François Sirinelli e viagens pedagógicas, segundo António Viñao Frago e
Ana Chrystina Mignot. Terán, nascido em Valencia (1896), diplomou-se pelo Conservatório
de Madrid e faleceu na cidade do Rio de Janeiro (1964). Viajou para o Brasil a convite do
compositor Heitor Villa-Lobos no auge de sua exitosa carreira como concertista. Indagando
fontes hemerográficas, sobre motivações que o levaram a fixar residência no sul, foi
possível identificar atuações musicais e pedagógicas do pianista, além da circulação de
saberes fomentados em uma uma rede de sociabilidades na qual destacava-se Andrés
Segóvia, Arthur Rubinstein, Liddy Chiaffarelli, Francisco Mignone, Antônio de Sá Pereira e
Villa-Lobos. Concluímos que analisar intercâmbios de músicos educadores, sob a
perspectiva epistemológica do Atlântico sul, permite desvelar pedagogias e práticas
musicais fomentadas em consonância e/ou conflito com marcas das colonialidades e
disputas de poderes hegemônicos.
Circularidade cultural e relações transatlânticas na primeira emissora radiofônica
brasileira
Vinicius Macedo (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Este trabalho analisa a circularidade cultural e o desenvolvimento da programação musical
da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, enfocando as relações transatlânticas no repertório
musical executado na emissora – música de concerto europeia, jazz e música popular
brasileira – fruto de um debate caloroso entre os ouvintes e diretores da emissora. A
primeira emissora radiofônica brasileira foi fundada, em 1923, por um grupo de intelectuais
brasileiros, entre eles Roquette-Pinto, que acreditava no potencial do rádio para divulgar
ciência e cultura a todos, e manteve um periódico, inicialmente intitulado Rádio-Revista de
Divulgação Científica Geral e posteriormente denominado Electron. A abordagem do
referido periódico, cotejado com outras fontes documentais, tais como cartas, contratos e
documentos públicos da emissora, permitiu mapear no cenário musical no Rio de Janeiro,
da primeira metade do século XX, uma confluência de gêneros e repertórios musicais que
chegavam do exterior, circulavam no Brasil e eram assimilados pelos diversos segmentos
das práticas musicais.